data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Na tarde de ontem, na Praça Saldanha Marinho, foi realizada a produção do material da campanha colaborativa coordenada pelo cineasta Luiz Alberto Cassol, em parceria com o Diário. O projeto ABRAÇO, será publicado nas páginas do jornal, em 27 de janeiro, dia em que a tragédia da boate Kiss completa 7 anos.
A campanha consiste em uma foto na qual uma mãe da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) é abraçada por uma pessoa representando a comunidade. A convidada é Ligiane Righi da Silva, e a representante da comunidade é a poetisa e professora aposentada Maria das Graças Py.
- Ambas foram convidadas pela representatividade que têm e porque isso faz parte do cotidiano delas. Ou seja, demonstraremos pela foto aquilo que já acontece de fato - explica Cassol.
REFLEXÃO
Cassol, que dirigiu o documentário Janeiro 27, explica que a ideia já vem sendo desenvolvida desde o fim de 2018. O objetivo é que, por meio dessa foto, a comunidade santa-mariense reflita sobre as consequência da tragédia:
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- Pensei em como colaborar efetivamente para uma reflexão. Então, optei pela foto. A ideia do abraço é demonstrar para a comunidade que é preciso, sim, a solidariedade, mas, acima de tudo, que as pessoas se vejam representadas e saibam que a comunidade de Santa Maria abraça a causa, pela prevenção e para que nunca mais aconteça.
Depois de criada a campanha, foi a vez de escolher os olhares para registrar a imagem. Cassol apresentou o argumento do projeto a três fotógrafos e uma fotógrafa: Rafael Happke, Alice Pozzobon, Luciano Ribas e Ricardo Ravanello.
- A fotografia é muito individual. Resolvi propor essa ideia coletiva em nome da causa, e eles toparam de pronto e abraçaram junto com a gente - conta o cineasta.
O designer gráfico Luciano Ribas aceitou o convite para o projeto do amigo:
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- Ao romper a individualidade da foto, tu te abre para outras visões e opiniões. Essa experiência foi muito especial, numa causa muito importante para a cidade. Espero que o produto final esteja a altura da nobreza da ação.
AS PERSONAGENS
Ligiane Righi, uma das personagens do projeto, não conseguia conter a emoção durante a sessão de fotos. Para ela, o abraço é um símbolo muito forte:
- As pessoas entram na tenda da vigília e não sabem o que falar para a gente. Sempre recomendo que dêem um abraço. É só o que precisa, sendo sincero. Às vezes, são as pessoas que precisam de um abraço. É uma simbologia muito forte. Não dá para descrever a nossa dor, porque ela é nossa. Tem momentos em que um abraço representa muito.
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Junto do projeto, está a poetisa Maria das Graças Py, que, aos 72 anos, é presença constante na tenda da AVTSM, na Saldanha Marinho. Ela foi escolhida por Cassol para representar a comunidade santa-mariense que abraça os familiares:
- Aprendi com a minha mãe a colocar amor nas coisas para os outros. Então, ajudo as mães da AVTSM a colocarem um pouco da angústia para fora, falarem sobre isso. O pessoal têm dificuldade em entender essa dor. No entanto, elas são vencedoras. A dor de quem perde um filho não tem remédio. Que esse abraço chegue ao mundo inteiro.